Amor, Arsênico Amor



Introdução 1:

Hoje uma nova palavra caiu em minhas mãos: "arsênico". Para os estudantes de cursinhos pré vestibulares ou para os técnicos químicos talvez soe corriqueiro, mas, para mim, mero atuante da área de humanas, o termo foi totalmente novo e preencheu sonoramente meus ouvidos. Posso não saber nada sobre ligações múltiplas de hidrocarbonetos, mas (quando o assunto me interessa) sou um ótimo pesquisador. Então, para descobrir o que significava o instigante "arsênico", lancei mão do novo padrasto dos burros, Google.

"Arsênico" vem de "Arsênio", um elemento químico descoberto no ano de 1250, utilizado como ótimo conservante de couro e madeira. Apesar de seu nome estar empiricamente relacionado à morte e ao que é venenoso, o arsênio é comumente empregado como medicação em casos de pacientes com leucemia. Sendo assim, é essencial à vida.

Introdução 2:

Hoje uma nova pérola caiu em minhas mãos: uma manchete. "Opiniões sobre casamento gay nos EUA estão divididas, diz pesquisa". A fonte era ninguém mais, ninguém menos, do que uma das mais renomadas agências de notícias do mundo. Não citarei "quem" unicamente porque há pouco tempo assisti a uma palestra sobre mídias digitais e fui aconselhado a evitar "dar nome aos bois". Quase uma ameaça, "você nunca sabe para quem pode trabalhar no dia de amanhã".

Vamos aos fatos: entre 9 e 13 de julho de 2015, algumas pessoas participaram de uma pesquisa online que debatia os direitos humanos LGBT e a chamada "liberdade religiosa". A parcela entrevistada? 1.004 pessoas. Isso mesmo, caro leitor, você não leu mal. Mil e quatro pessoas! Num país onde vivem quase 400 milhões. A margem de erro é de 3,4% para mais ou para menos, mas, por favor, não julguem. Ainda assim estão melhor do que nosso Ibope padrão FIFA. (Dessa vez não teve como evitar nomear os bois, me desculpem!)

A Suprema Corte Norte Americana aprovou, em junho passado, o casamento entre pessoas do mesmo sexo em todo o território nacional e, ao que parece, esta medida "dividiu" a população. Ou, pelo menos, dividiu parte dos mil e quatro participantes da pesquisa que disseram frases como "O que a Suprema Corte fez foi colocar em perigo nossa liberdade religiosa", ou "Você verá um conflito entre a lei civil e as pessoas que querem viver suas vidas de acordo com sua fé", ambas proferidas pelo senhor Michael Boehm, engenheiro que se autoproclama um conservador independente.

Mas, e as pessoas que querem viver suas vidas de acordo com seu amor? E as pessoas que querem viver suas vidas de acordo com seus direitos civis? E as pessoas que querem viver suas vidas de acordo com estados laicos? E as pessoas que querem viver suas vidas de acordo com sua crença de que cada um tem livre arbítrio para optar se quer ou não crer em Deus, seguir uma religião ou que não quer ser evangelizado sem prévia autorização por extremistas que enfiam sua fé goela abaixo de muitos ao seu redor?

Não, casamento gay não é enfiar uma orientação sexual goela abaixo dos conservadores. É pura e simplesmente aceitar a todos como seres humanos dignos. E demonstrações públicas de afeto em excesso são feias para qualquer tipo de casal. Quem pensa que seus filhos se tornarão gays por verem casais homossexuais casados não são ignorantes. São otários. Nunca conheci um gay cujos pais também o fossem. Ou seja, são todos filhos de casais heterossexuais e não foram influenciados pelo modelo de orientação sexual que assistiram em casa. São o que são. E Deus dá um tapa na cara da sociedade aceitando e amando a todos por igual.

A cereja do bolo foram os 47% dos entrevistados que afirmam que oficiais de cartório com objeções religiosas NÃO devem ser obrigados a dar licenças de matrimônio para casais do mesmo sexo; os 59% que defendem que empresas que trabalham no ramo do matrimônio e têm alguma restrição religiosa, devem ser permitidas a recusar prestar serviços para homossexuais; e os 46% que creem que o comércio geral deve ter liberdade para recusar a prestação de serviços para gays. A porcentagem de intolerância infundada não foi divulgada.

Então, você que não é gay, não se case com alguém do mesmo sexo. Você não é obrigado. E você, preconceituoso que se camufla de cristão para cometer atos desmoralizados na surdina, disparar absurdos na orelha do mundo e trabalha no comércio se recusando a atender homossexuais, peça demissão. Pessoas que têm cérebro não são obrigadas.

Desfecho:

A única conclusão à qual consigo chegar é que agora está claro o motivo de eu nunca ter ouvido falar no magnífico conservante de couro e madeira arsênico (por favor, ler dando a ênfase magistral que este digníssimo elemento merece). Deve estar em falta no planeta! Fabricando muito óleo de peroba para conservar a cara de pau destes sujeitos.


Nota(s): 1- Não sou intolerante religioso. 2- Sou cristão. 3- Não estou fazendo apologia à homossexualidade.

Minha ética apenas me faz defender quem é HUMANO. No real sentido da palavra. Não me importa se você é branco, negro, gay, hetero, católico, evangélico, espírita, judeu ou muçulmano. Eu te respeito totalmente, desde que você não seja um ignorante. Neste caso, apenas te tolero. Há uma enorme diferença.



Porque Você Não é Idiota


Eu queria sumir. Queria ir embora dessa casa, dessa cidade, desse país. Queria. Mas não vou.

Ao que me conste, 90% da população mundial já quis sumir. Assim, do nada, sem mais nem menos. Sem nem saber para onde exatamente. Então aonde diabos a humanidade errou e criou um empecilho tão grande chamado DINHEIRO?

A ligação dos fatos é muito simples: não dá pra sumir sem dinheiro. Já tentou pegar um ônibus sem dinheiro? Não. Por que? Porque você não é idiota. Como eu sei que você não é idiota? Porque idiotas não leem meus textos.

Mas ainda há a possibilidade de você ter pego um ônibus sem dinheiro: tendo mais de 65 anos, é claro. Ou se você fosse um grande mau caráter. Nesse caso "você" seria um pronome metafórico. Nenhum mau caráter estaria lendo o que eu escrevo. Só se fosse idiota. Mas idiotas não leem meus textos.

E nada disso muda o fato de que eu queria sumir, mas não tenho dinheiro. Então escrevi esse texto que não me fez sumir. Não me fez ter dinheiro. Mas também não me tornou um idiota (há controvérsias, com certeza). Então ainda estou em vantagem. ;)



A Expressão do Milênio


Há pouco tempo atrás, numa conversa com um amigo que já trabalhou por muito tempo em rádio, ouvi uma nova expressão. "Looping eterno". Por Deus! Como eu nunca tinha ouvido falar disso antes? É a melhor coisa que chegou aos meus ouvidos em décadas. Apesar de eu estar vivo apenas há menos de três delas.

Para quem não sabe (assim como o antigo-eu não sabia), o chamado looping eterno é quando uma parte do código se repete infinitamente, nunca acaba. Ah, se eu contasse quantas pessoas ao meu redor vivem em looping eterno...

Pessoas de esquerda, pessoas de direita, extremistas religiosos, ativistas prepotentes. Eles estão por toda parte! Andando em círculos e, infelizmente, com suas bocas abertas. Claro, quem sou eu para me opor à liberdade de expressão? Está na constituição! Ao que me oponho é à falta de informação, ao preconceito ignorante. Me oponho mesmo é à burrice. Gente que sai por aí dizendo o que quer, empurrando suas verdades garganta abaixo daqueles que ainda não têm ideologia formada sobre determinados assuntos.

Expor pensamentos é uma coisa. Valer-se da ingenuidade dos outros, é outra.

A grande novidade veio com nossos colegas opositores ao governo. Adesivos para carros com a figura de Dilma Rousseff de pernas abertas. O distinto artigo poderia ser colado na boca do tanque dos automóveis para que o bondoso frentista pudesse inserir a bomba de gasolina no local para onde, com certeza, muita gente já pensou em mandar a presidente.

Antes de mais nada, não. Eu não sou petista. Antes de mais nada, não. Eu não sou oposição. Antes de mais nada, não. Eu não vou te contar em quem votei no ano passado. Mas, antes de mais nada, sim. Eu coloco o respeito em primeiro lugar.

Não estou aqui para defender ou crucificar a Dilma (apesar de, em muitas ocasiões, já ter me indagado, perplexo, "o que essa mulher está fazendo?"). Mas, e se fosse a foto da sua mãe colada no carro de alguém, solto por aí, correndo as ruas do país? Acho que não preciso dizer mais nada. O respeito vem a partir do momento que respeitamos de volta. E mesmo que a recíproca não seja verdadeira, façamos nossa parte. Não para manter a imagem de bons samaritanos, mas para descansar a cabeça sem peso no travesseiro pela noite. Sem hipocrisias.

O desfecho da novela foi o óbvio: depois de uns dias no ar, havendo vendido quatro exemplares e recebido uma quantidade considerável de comentários elogiosos (além da sugestão de fazer o mesmo com uma imagem do Lula, digamos que, engatinhando), foi retirado já que poderia ser considerado crime. E, provavelmente, realmente o seria. Estamos falando de governo federal, meus caros.

E eu que pensava que o looping eterno era somente um brinquedo quase sempre em manutenção e, quando em operação, com filas catastroficamente gigantes no Hopi Hari. Agora entendo porque raras foram as ocasiões em que o encontrei em funcionamento: ele não segue o exemplo da sociedade! O maquinário vai numa direção e volta em outra. Já a sociedade, segue em looping eterno no mesmo lugar.



Pais e Filhos




Datas comemorativas nunca me enganaram. Natal, Dia das Mães, Dia dos Pais. Hoje é dia dos pais, aliás. Seria redundante dizer que a única função de todas estas ocasiões é vender presentes, ganhar dinheiro. Disso, todo santo brasileiro, que vive com o pé na jaca, já está careca de saber!

Pesquisa recente realizada pelo Fecomércio RJ (Federação do Comércio do Estado do Rio de Janeiro) indicou que o dia dos pais injetaria R$3,8 bilhões no comércio. À frente, as roupas saíram em disparada, com 41% das intenções de compra. Isso me fez lembrar de como eram doces os tempos de Dia das Crianças na infância, quando as pessoas ainda sabiam que o legal mesmo era presentear com BRINQUEDOS!

Perfumes e cosméticos em segundo lugar, com 13%. Calçados e acessórios logo em seguida, com 9%. Brinquedos? Não foram elencados. Ok, talvez seja melhor eu superar.

Mas se tem algo inaceitável é que um produto em específico não apareça na lista! Não vou fazer merchan, mas digo que o fabricante homenageia a todos os papais dizendo que "você é amor, é meu exemplo na vida... Eu te ofereço um"... Paremos por aqui.

Isto posto, vamos realizar uma checklist. Pai para ganhar presente? Ok. Dinheiro para comprar o tal presente? Ok. Economia movimentada forçosamente, apesar dos tempos de crise do país? Ok, ok, ok. Falta alguma coisa? Óbvio, caro leitor, que não me esqueci da típica macarronada de domingo. Muito menos do frangão assado! Não sou tão burro. Mas tudo isso já estava subentendido. Estou falando de outra coisa que, muitas vezes, não se faz presente no Dia dos Pais: as lembranças.

Pouca gente tem o privilégio de se lembrar do que estava fazendo em julho de 1994. Eu me lembro!

Era a grande estreia do 32º longa metragem animado da Walt Disney Pictures, ganhador de dois Oscar e três Globos de Ouro: "O Rei Leão". E eu? Estava no cinema. Pela primeira vez na vida, inclusive. Mas eu não estava sozinho, estava com meu pai!

Me lembro perfeitamente da história que, mais tarde, seria a minha preferida de todas. Os animais se curvando ao novo príncipe que nascia, o tio mau e invejoso, os gnus (não, eu ainda não sabia que aqueles "boizinhos" eram, na verdade, gnus) correndo atrás de Simba, a morte do papai dele e, claro, de Hakuna Matata! Como se esquecer de Timão e Pumba? Impossível.

Mas do que me lembro mesmo é de ter ao meu lado aquele homem que, naquele momento (e em muitos outros) era a única companhia que eu queria (e precisava) ter. Meu pai!

Como quaisquer seres humanos, os pais têm falhas e defeitos. Eles nem sempre agem como gostaríamos e, em contrapartida, nós, filhos, cometemos os mesmos erros. E, apesar de taaaaantas diferenças entre meu pai e eu (repare bem na quantidade de "A's" que usei na palavra "taaaaantas"), nenhuma porcentagem estúpida em pesquisas econômicas muda o tamaaaaanho do meu amor por ele (repare bem na quantidade de "A's" que usei na palavra "tamaaaaanho"). E é disso que estou falando! Das lembranças.

Me lembro de cada dia feliz. De cada dia não-feliz. De cada festa de aniversário. De cada ajuda para estudar matemática quando eu ficava de recuperação. E me lembro do gosto musical (nada) questionável que meu pai implantou em mim. The Cranberries, Phil Collins, Fábio Jr., Legião Urbana.

E, entre todas essas lembranças, a mais importante é deste homem cantando o trecho de uma das músicas que mais mexem comigo até hoje: "Meu filho vai ter nome de santo. / Quero o nome mais bontito. / É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã. / Porque se você parar pra pensar / Na verdade não há".

E, como não há amanhã, vamos fazer o hoje valer a pena. Com ou sem dinheiro para presente. Com ou sem macarronada de domingo. Com ou sem diferenças. Mas absolutamente SEM orgulho para sempre baixar a guarda e admitir: pai, eu te amo. Obrigado por ter me ensinado tão grandiosas lições e tão inestimáveis valores. Se hoje sou o homem que sou, você tem parte nisso e eu me orgulho de você.

"Você culpa seus pais por tudo. Isso é absurdo. São crianças como você. O que você vai ser quando você crescer". (Legião Urbana - Pais e Filhos)



A Farsa da Evolução das Espécies


Darwin mentiu! A seleção natural não é verdadeira. Assim fosse, não viveríamos hoje numa sociedade tão carente, falha em autosuficiência e viciada em antidepressivos.

Chorar é normal e necessário, eu sei. Deveria ser um mecanismo de defesa natural do indivíduo. Deveria acalmar os ânimos e botar as ideias no lugar. Mas deveria, também, ser algo a, definitivamente, não se fazer em público. Exceto em enterros e velórios, claro.

Aqui vai um recado a todos os chorões a céu aberto: é chato! E sua cara inchada fica bastante estranha de se ver a olho nu. Já não bastam os feios que andam, todos os dias, livremente, pelas calçadas?

Mas só tem uma coisa pior do que chorar em público: os coitadinhos. Acho que já comentei sobre isso antes, não? O problema é que, não faz muito tempo, os coitadinhos descobriram uma nova arma para espalhar suas queixas e feridas. As redes sociais. Quantas vezes você não abriu sua timeline, feliz da vida, procurando saber das novidades da vida privada dos coleguinhas (porque ninguém é obrigado) e deu de cara com um post chorão? "Ah, estou muito mal porque não fui ao show que eu queria. Vou chorar", ou "Meu cabelo é muito ruim. Quero morrer". CARAMBA! O que o autor de um texto desse gênero quer ouvir? Parabéns? Parabéns por ser tão inútil na sociedade que perde tempo hábil de vida postando pensamentos suicidas o tempo todo só para chamar atenção do mundo, mas, ao mesmo tempo, ninguém dá a mínima, porque já sacaram que seu único objetivo de vida é ser o centro das atenções a todo custo?

Não, você não está de parabéns.

Nesse caso de sofrimento eterno uma opção mais bacana do que reclamações homéricas seria escrever poesias. Ou aulas de ioga. Ou fazer caridade (melhor maneira de preencher um coração vazio, em minha opinião). Na falta de oportunidades para colocar algum desses itens em prática, ainda sobra a boa e velha pia com uma pilha de louças sujas para lavar. Mas essa ninguém quer, né?



Nota: Não, amigos matutinos, este texto NÃO É nenhuma indireta para ninguém. Digo isso antes que apareçam na minha porta com toras de madeira e estacas para me crucificarem. O Ministério do Mimimi adverte - todos têm o direito de sofrer e postar o que quiserem em redes sociais. Já o Ministério do Bom Senso garante - sua vida pessoal não deve ser publicada em 140 caracteres. A compartilhe apenas com quem realmente tem algum valor sentimental para você. ;)



As Pessoas Não Entendem o que Eu Digo



As pessoas não entendem o que eu digo. Simples. E não importa se eu me expresso em português, libanês, coreano ou em braile. As pessoas simplesmente não entendem o que eu digo. Outro dia estava conversando com minha mãe e ela fez questão de distorcer cada uma das palavras que eu disse. Sim, eu sei, esse é o papel das mães! Faz parte de toda uma cadeia que já é desenvolvida há anos, mas a questão não é essa.

O fato é: quando você diz "A" é justamente "A" o que você espera que os outros entendam, mas tem gente que soletra todo o resto do alfabeto. Alguns incluem numerais e letras gregas. Então o que será que está errado? O mundo se tornou uma espécie de bola repleta de pessoas que mal têm tempo de olhar na cara umas das outras. E se não usam a visão que, na minha opinião, é o mais simples dos sentidos, imagine só o que será da pobre audição!

A rotina é corrida, os compromissos são muitos, a agenda é lotada... E um vazio começa a consumir o peito das pessoas como um enorme buraco negro que suga todo vestígio de segurança e autoestima. Talvez por isso as pessoas não me ouçam, distorçam tudo o que eu digo e ainda se façam de vítimas.

Não que eu tenha algo contra as vítimas. Pelo contrário, sou super a favor! No cinema. Num livro. Ou num daqueles power points que a gente recebia por e-mail no começo dos anos 2000. Na vida real vítimas são chatas! E é por isso que sempre torci pros vilões. Eles sim têm perspectiva! Nem que seja o simples objetivo de matar o mocinho e mandar toda a bondade pras cucúias! Aliás, bela palavra essa... "Cucúias"! Talvez seja por usar termos assim que ninguém entenda o que eu digo.

Bom, enquanto nada disso se resolve, eu sigo aqui, sendo uma espécie de Mestre Yoda entre meus amigos e parentes. Sendo assim, caro leitor: agradeço eu pela leitura sua. E que a força esteja com você.



A Pena de Talião




Era uma vez... Eram duas vezes. Eram três. Foram muitas vezes em que a história se repetia ao longo dos tempos em tentativas desesperadas dos céus de que os seres humanos acordassem e vissem que a vida não é brinquedo. Talvez fosse justamente este o problema: esperava-se que os seres humanos fossem... Humanos! Inteligentes, racionais e com qualidades empáticas. Mas não passavam de animais dotados de egos inflamados e, muitas vezes, sem reconhecimento de seus próprios atos e das consequências vinculadas aos mesmos.

Pois bem, se havia que orar por eles, por que o deus que buscavam não era o mesmo que os ouvia e, pobres, eram incapazes de enxergar quantas lágrimas foram derramadas por aquela ilustríssima figura na cruz quando inúmeras barbáries foram cometidas evocando, em falso, seu nome.

Na mídia dos últimos dias são incontáveis os casos de desrespeito e repúdio a pobres, negros, estrangeiros, moradores de rua, adictos, homossexuais, artistas. Mas o único aspecto que os une a todos é o mesmo que custa a qualquer fanático religioso aceitar: são todos pessoas! Por igual.

A Pena de Talião vem se esbaldando por entre gerações que ainda crêem ser real a máxima "olho por olho, dente por dente", e perseguem a justiça pelas próprias mãos. Ora, já não é claro que é a Deus quem cabe os julgamentos e que Ele é o próprio amor, o único que é real? Onde está a tolerância? Onde está a verdadeira penitência?

Assumindo que não sou um leitor fiel da Bíblia, ouso arriscar uma passagem que o destino se encarregou de trazer há alguns dias até mim: "Portanto, se estás fazendo a tua oferta diante do altar, e te lembrar aí que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa ali a tua oferta diante do altar, e vai te reconciliar primeiro com teu irmão, e depois virás fazer a tua oferta" (Mateus, v.: 23 e 24).

Está evidente que o sacrifício mais agradável a Deus é o perdão, os ressentimentos, a reconciliação. Não, não sou um cristão exemplar. Sou cheio de falhas, inclusive. Mas, em minha insignificância, indico a quem almeja a vida eterna no paraíso, que busque mais a humildade e deixe de ser, como a parábola conta, uma figueira seca, infecunda. Isto é, pessoas vazias e inúteis do pior tipo: voluntariamente.

E a quem disso nada crê, vale a filosofia e a oportunidade de fazer o bem sem esperar nada em troca. Quem sabe assim a história deixa de apenas se repetir alternando as personagens e, por uma vez ao menos, o amor ao próximo se torna o forte da humanidade.