A Expressão do Milênio
Há pouco tempo atrás, numa conversa com um amigo que já trabalhou por muito tempo em rádio, ouvi uma nova expressão. "Looping eterno". Por Deus! Como eu nunca tinha ouvido falar disso antes? É a melhor coisa que chegou aos meus ouvidos em décadas. Apesar de eu estar vivo apenas há menos de três delas.
Para quem não sabe (assim como o antigo-eu não sabia), o chamado looping eterno é quando uma parte do código se repete infinitamente, nunca acaba. Ah, se eu contasse quantas pessoas ao meu redor vivem em looping eterno...
Pessoas de esquerda, pessoas de direita, extremistas religiosos, ativistas prepotentes. Eles estão por toda parte! Andando em círculos e, infelizmente, com suas bocas abertas. Claro, quem sou eu para me opor à liberdade de expressão? Está na constituição! Ao que me oponho é à falta de informação, ao preconceito ignorante. Me oponho mesmo é à burrice. Gente que sai por aí dizendo o que quer, empurrando suas verdades garganta abaixo daqueles que ainda não têm ideologia formada sobre determinados assuntos.
Expor pensamentos é uma coisa. Valer-se da ingenuidade dos outros, é outra.
A grande novidade veio com nossos colegas opositores ao governo. Adesivos para carros com a figura de Dilma Rousseff de pernas abertas. O distinto artigo poderia ser colado na boca do tanque dos automóveis para que o bondoso frentista pudesse inserir a bomba de gasolina no local para onde, com certeza, muita gente já pensou em mandar a presidente.
Antes de mais nada, não. Eu não sou petista. Antes de mais nada, não. Eu não sou oposição. Antes de mais nada, não. Eu não vou te contar em quem votei no ano passado. Mas, antes de mais nada, sim. Eu coloco o respeito em primeiro lugar.
Não estou aqui para defender ou crucificar a Dilma (apesar de, em muitas ocasiões, já ter me indagado, perplexo, "o que essa mulher está fazendo?"). Mas, e se fosse a foto da sua mãe colada no carro de alguém, solto por aí, correndo as ruas do país? Acho que não preciso dizer mais nada. O respeito vem a partir do momento que respeitamos de volta. E mesmo que a recíproca não seja verdadeira, façamos nossa parte. Não para manter a imagem de bons samaritanos, mas para descansar a cabeça sem peso no travesseiro pela noite. Sem hipocrisias.
O desfecho da novela foi o óbvio: depois de uns dias no ar, havendo vendido quatro exemplares e recebido uma quantidade considerável de comentários elogiosos (além da sugestão de fazer o mesmo com uma imagem do Lula, digamos que, engatinhando), foi retirado já que poderia ser considerado crime. E, provavelmente, realmente o seria. Estamos falando de governo federal, meus caros.
E eu que pensava que o looping eterno era somente um brinquedo quase sempre em manutenção e, quando em operação, com filas catastroficamente gigantes no Hopi Hari. Agora entendo porque raras foram as ocasiões em que o encontrei em funcionamento: ele não segue o exemplo da sociedade! O maquinário vai numa direção e volta em outra. Já a sociedade, segue em looping eterno no mesmo lugar.
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